Clipping
Podcasts - Credo Provocare
www.zeno.fm
14 de agosto de 2020

Ela é uma crítica feroz ao culto da superficialidade! Uma artista plástica italiana de nascimento. Mas Brasileira de alma. E hoje um dos maiores nomes de artes no Brasil! Conheçam Maria Bonomi! Maria Bonomi se considera razoavelmente conhecida em um país que não valoriza a arte natural. E conta por que começou a usar o painel em sua arte: "Ele é muito social, é arte pública". Nossa convidada italiana e Abujamra conversam sobre a crítica artística, a relação entre gravura e outras artes, museu público e muito mais. "A arte e a vida são uma coisa só", afirma Bonomi. Agora sobre a Bienal, Maria Bonomi provoca: "Eu sou contra". Entenda o por quê desta e outras opiniões no próximo Provocações! Imperdível! ABUJAMRA LÊ PABLO NERUDA.
A Guia de Xangai
Folha de S.Paulo
29 de junho de 2014
Era proibido, mas , em 25 de abril de 1974, eu celebrava, em Xangai, a Revolução dos Cravos, que eclodia em Portugal. Agregada pelo diplomata Azeredo da Silveira, futuro chanceler e colecionador entusiasta de meu trabalho, estava em viagem oficiosa de representação do Brasil à China, ainda liderada por Mao Tse-tung e Chou Em-lai, que visitamos em Pequim. Eu realizava o sonho de buscar as fontes da gravura na xilografia milenar chinesa, a “arte chim da xilo”, conforme o poema que Haroldo de Campos me dedicou.
Eu tinha recusado uma sala especial na Bienal de São Paulo de 73 e optara por exibir o curta “Detritos”, que fizera com Thomas Farkas, em mais um protesto contra a ditadura, à qual me opus desde o início. Ao receber o prêmio de melhor gravador nacional, aproveitei a presença do marechal Castelo Branco para lhe entregar um documento que pedia a revogação da prisão preventiva dos professores Mário Schenberg e Fernando Henrique Cardoso, entre outros.
Entramos na China a pé, a partir de Hong Kong, como hóspedes espartanos do país. Nosso grupo era bastante heterogêneo: médicos, funcionários graduados, Baby Cerquinho (primeira mulher de Caio Prado Júnior) e vários empresários. Em Xangai, ian Schultz (do Banco Francês e Brasileiro) lembrou-me de que estávamos hospedados no hotel que tinha sido cenário de “A Dama de Xangai”, de Orson Welles, com Rita Hayworth. viajamos de ônibus, trem e avião por todo o espaço permitido. Das paragens surpreendentes nasceram alguns de meus trabalhos: da Grande Muralha, a xilografia “Muro Muralha Passo”; do encontro com uma enorme pedra de jade, esculpida por quatro gerações, surgiu “Pedra Robat”; na mesma noite em que visitamos Hangzhou (cidade às margens de um lago a cerca de 180 km de Xangai), comecei os desenhos da litografia “Hangzhou”, que viria a ser um grande sucesso entre colecionadores. Eu não parava de desenhar. Apesar do encantamento, algo não estava dando certo. Eu ali me encontrava para ver a xilografia milenar da China e descobrir como e onde era praticada. Quais os artistas, quais os temas? Silêncio. Os roteiros impostos não respondiam. Certamente existiriam vozes e linguagens além do ateliê socializado dos especialistas em pássaros, árvores, arados, punhos cerrados etc. Não podia ser só aquilo.
Debaixo do sol do meio-dia, sentei no túmulo de um poeta famoso no cemitério de Xangai e anunciei que entrara em greve de fome. Não me moveria de lá até que pudesse conhecer artistas originais que praticassem a linguagem da tradição de origem chinesa livremente, como eu. Grande rebuliço. Sem entender, os companheiros de viagem se foram para mais uma cerimônia do chá e passeios.
Anoitecia. Eis que surge uma guia uniformizada e, em português (brasileiro) mais do que perfeito, se apresenta como alguém que entendia as minhas solicitações, prometendo que tudo faria para me ajudar. Não lembro seu nome, mas apenas o número bordado na gola em fios de prata: 42. Tinha um aspecto confiável, talvez a minha idade. Escoltou-me para o hotel, de bicicleta, conversando fluentemente. Até cantou canções do recente Carnaval brasileiro.
Prometeu voltar no dia seguinte. Reapareceu cedo, informando que naquela tarde eu teria um encontro “privado” com dois artistas gravadores “autores”, jovens mestres “independentes”, os “únicos do país”. Exultei com o resultado do meu protesto. Reconhecida, comecei a falar pelos cotovelos sobre o Brasil: estávamos numa ditadura ferrada, pessoas presas, torturadas, mortas, exiladas e perseguidas, sobretudo artistas e intelectuais. Ela tinha provado ser uma amiga, eu podia me abrir.
Enquanto falava, 42 começou a brincar com as roupas de minha mala. Disse-lhe para pegar o que quisesse. Foi discreta, mas levou o quanto pôde ocultar nos bolsos.
Fui conduzida por ela a um local distante, onde me foram revelados Wu Biduan e Gu Yuan (1919-1996) — que se tornaram grandes mestres da xilogravura chinesa—, e aconteceram perguntas e respostas profissionais da mais alta qualidade. Daí resultou minha série “Como se Fossem Palavras”, cinco imagens xilográficas de ideogramas aleatórios. Agradecida, me despedi de 42 prometendo lhe enviar discos de Chico e Bethânia.
De volta ao Brasil, fui convidada a proferir uma palestra sobre a arte da China contemporânea no MAM de São Paulo, então sob direção de Diná Lopes Coelho. Como é notório, na ocasião fui aprisionada, encapuzada e amarrada sob mira de revólver e atirada em um carro que percorreu a cidade por horas. Fui parar no quartel da rua Tutoia para os interrogatórios.
No meio da noite, um carcereiro armado me lançou uma pasta: “Tome e leia. Você vai pegar 30 anos de cadeia”. Em pânico, abri o documento e pude ler, quase em transcrição literal, todas as confidências que fizera à guia 42 no hotel em Xangai, sublinhando, naturalmente, os detalhes da minha versão da situação política e militar do nosso país desde 1964: 42 sempre soube o que queria.
Maria Bonomi: a passagem pela imagem
La Quinzaine Litteraire
16 de julho de 2012
Georges Raillard - Maria Bonomi é escultora. Nascida em Milão, torna-se brasileira por escolha. Em 1967 ganha em Paris um prêmio de gravura. Desde então, essa artista, muito célebre em seu país, exposta em todos os lugares, não o havia sido em Paris. E eis aqui na Casa da América Latina uma antologia de suas obras. Sua beleza é flagrante. Seu toque de mistério não se dissipa, mas cresce quando a própria artista as comenta – o que ela fez aqui. Ou quando os dois maiores e mais audaciosos escritores brasileiros, Clarice Lispector e Haroldo de Campos (nascido em1935), se associam intimamente a Maria Bonomi.

Germain duas grandes peças metálicas, em meio a uma luz rarefeita, estão suspensas. Suas sombras projetadas redobram os caminhos traçados no metal. Essa entrada é uma introdução cativante a uma obra diversa. Como ponto de partida e horizonte a atividade dada à imagem, à sua fabricação, aos seus efeitos. A própria Maria Bonomi fala da “passagem pela imagem”. Descrita dessa forma pelo curador da exposição, Jorge Coli: agrupados, os cacos de vidro dos espelhos quebrados que desenham “um caminho incerto de reflexos cortantes”.
Esses caminhos, o escultor os traça na madeira (xilo, sobre a mesa que é a matriz das gravuras). Seguindo uma tradição brasileira, Maria Bonomi recorre, antes de mais nada, à xilografia (no Brasil esse procedimento familiar é abreviado como xilo). Os caminhos alinhados são encontrados nas esculturas de alumínio e nas grandes construções de concreto dos monumentos públicos de São Paulo. É nessa metrópole que ela se formou, com seu mestre Lívio Abramo, trotskista, que, em 1964, teve que se exilar no Paraguai. Maria Bonomi havia absorvido dele, e para sempre, seu senso de revolta e sua ligação com a liberdade. As xilos não passam uma mensagem legível. Mas podem deixá-la inscrita nos seus sulcos, que, desde esse momento se transformam sob nosso olhar. É assim com Balada do Terror, xilogravura de 250 cm x 140 cm. Percebemos nela imediatamente a beleza e a violência. Uma violência que cresce, quando comentada por Maria Bonomi: um suplício imaginado pela ditadura – o torturado está sentado sobre um vaso contendo um rato que é excitado pelo calor de um fogo... A Balada é construída sobre uma grande figura vertical vermelha cortada por quatro retângulos unidos por um caminho circular.
Maria Bonomi tem sempre na sua bolsa uma goiva, mesmo em Paris. A ferramenta é o Prolongamento decisivo, cortante, da mão, uma inserção violenta na matéria que ela transforma. Não saberíamos dizer nada melhor do que escreveu Clarice Lispector sobre essa amiga tão próxima: “Eu imagino Maria Bonomi em seu ateliê utilizando suas mãos – o instrumento mais primitivo do homem. Com suas belas mãos potentes, ela pega as ferramentas e imprime a heroica força humana do espírito, cortando, aplainando e entalhando. E pouco a pouco os sonhos latentes de Maria se transformam e tomam forma na madeira.”
Nesse texto, publicado em 1971 no Jornal do Brasil, Clarice Lispector confessa que ela nada sabe sobre o “exercício espiritual interior de Maria até que nasça a sua gravura.” Um “mistério”. A escritora pode simplesmente observar: “eu presumo que seja o mesmo processo que o meu quando escrevo alguma coisa de mais sério do que a sessão de sábado, o mais sério, no sentido de mais profundo.”
Entre Clarice Lispector e Haroldo de Campos surgem no espírito mais diferenças do que semelhanças, exceto aquelas de invenções vanguardistas. Nada de “seção de sábado” para o poeta teórico do concretismo ligado à materialidade da linguagem… As palavras são coisa. Elas se unem por metonímia, formam galáxias, parecem ignorar a metáfora. Roman Jacobson rendeu homenagem a Haroldo de Campos que colaborou com ele.
Pode-se ler no catálogo o texto que ele escreveu em um livro feito em colaboração com Maria Bonomi: O Elogio da Xilo. O poema de Haroldo é composto de blocos de escrita, uma coluna onde as palavras, uma ou duas por linha, obedecem a uma dupla classificação: por familiaridade verbal, por temas. Os temas são aqueles de nossa realidade cotidiana e das nossas mitologias: o demo/o pavão/o Lampião/a Vênus da xilo, o Cristo da xilo. Esses temas são também aqueles da literatura popular do Nordeste brasileiro, o cordel, brochuras cuja capa é feita em xilo, que víamos expostas nos dias de feira penduradas por uma corda. A palavra cordel, e a madeira e o ferro, o tema, a matéria e o procedimento são unidos como poderiam ser no fundamento do trabalho artístico de Maria Bonomi, e da atividade poética que conduz à atividade do poema.
Em O Elogio da Xilo estão impressos juntos, horizontalmente, o titulo, a palavra cordel, uma mão puxada da madeira, identificados com sua matéria: em português madeira, é a matéria que é para o gravador aquela da matriz, geradora de obras múltiplas e ao mesmo tempo por si só uma obra como vemos na Casa da América Latina.
A origem da matriz? Sigamos Clarice Lispector: um “mistério”.

Exposição
Maria Bonomi
Casa da América Latina
217 bd Saint Germain, 75007 Paris
De 21 de maio a 22 de setembro de 2012
(fechada entre 21/07 e 19/08).
No catálogo bilíngue textos de Clarice Lispector e Haroldo de Campos
Exposição revisita obra de Maria Bonomi
LENEIDE DUARTE-PLON - COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
31 de maio de 2012

A primeira exposição individual de Maria Bonomi, 77, em Paris é grandiosa.

Logo na entrada do imponente Hôtel Particulier, pertencente à Maison de l'Amérique Latine -e antes residência do Dr. Charcot, considerado o pai de neurologia, que atraiu à capital francesa o jovem doutor Sigmund Freud-, uma sala pintada de vermelho expõe a mais recente obra da artista: quatro esculturas suspensas, em formato côncavo.

No chão, um globo em alumínio chamado "Super Quadrante Amor Inscrito" dialoga com as obras aéreas. O chão é coberto por pedaços de tecido vermelho, que os visitantes pisam enquanto percorrem o ambiente.

Para apresentar a célebre artista brasileira ao público francês e preencher a lacuna existente na cultura local em relação à obra de Bonomi, o curador Jorge Coli escolheu 40 obras representativas de todas as fases da artista.

Maria Bonomi, que é gravadora, escultora, pintora, muralista, figurinista e cenógrafa, tem nas gravuras sua marca registrada.

Algumas de suas obras estão espalhadas por São Paulo, como o painel "Futura Memória", de 1989, parte do acervo do Memorial da América Latina.

Com o arquiteto Oscar Niemeyer, Bonomi concebeu um projeto sobre os maus-tratos da população indígena brasileira pelos portugueses durante a colonização.

Seus trabalhos se estruturam em madeira, alumínio e concreto, com o objetivo de "impregnar o entorno, o protagonista de toda sua obra", como explica a autora.

Para a artista, a exposição na França fecha o ciclo começado ainda em 1967, quando foi contemplada com o prêmio especial de gravura na Bienal de Paris.

Bonomi é também neta de Giuseppe Martinelli, construtor do primeiro arranha-céu da América Latina, o Edifício Martinelli, datado de 1929.

Foi a própria artista quem conduziu um grupo pelas salas da exposição, inaugurada em 15 de maio pelo embaixador brasileiro José Maurício Bustani.

Admirar as obras de um artista guiado pelo próprio autor é um privilégio que não se deixa escapar.

MARCAS DO PASSADO

Ao passar por cada uma das obras, Bonomi explica a técnica e a contextualiza no tempo. "Balada do terror" foi feita para homenagear Dulce Maia, a ex-militante da Vanguarda Popular Revolucionária, e todos os torturados pelo regime militar (1964-85).

Essa e outras obras do mesmo período foram batizadas de "Calabouço".

Tão sombrias quanto o período histórico no qual se inspiram, as peças testemunham a época em que a artista foi presa juntamente com outros intelectuais ao assumirem uma posição contrária à censura e denunciarem as práticas de tortura.

"A exposição é importante porque Paris não conhece sua obra. São criações excepcionais que provêm de uma artista cuja qualidade de produção é reconhecida. E expor em Paris significa maior afirmação internacional para uma artista já consagrada no Brasil ", diz Coli.

"O público francês vai poder descobrir o rigor compositivo associado à leveza luminosa, as transições entre gravação, escultura e arquitetura", resume o curador.

A retrospectiva da obra de Bonomi parte do que se tornaria seu núcleo genético mais forte: a xilogravura.

Algumas matrizes em madeira, verdadeiras esculturas que a artista convida o visitante a admirar com os olhos e com o tato, estão presentes, como as esculturas em metal chamadas de "Favela", espécie de grande arcada esculpida em peças de alumínio.

Maria Bonomi gosta que as pessoas acariciem a superfície de suas matrizes. Por isso, sugeriu que fossem colocadas em algumas obras a etiqueta com a inscrição em francês "Prière de toucher" (toque, por favor).

Arte em gravuras da brasileira Maria Bonomi será exposta em Paris
http://www.estadao.com.br
15 de maio de 2012

Artista plástica Maria Bonomi, um dos principais nomes da criação artística brasileira há mais de meio século, inaugura nesta terça-feira uma exposição de sua obra na Maison de l'Amerique Latine em Paris.

A exposição reúne cerca de trintas gravuras grandes além de uma figura aérea apresentada pela primeira vez ao público. De acordo com a artista, a mostra passa pela vida de Maria, desde a juventude como estudante até os dias de hoje.

Maria disse à Agência Efe que como não há espaço suficiente para mostrar todo seu trabalho, sobretudo os de grandes dimensões, utilizará vídeos. A brasileira ressaltou que faz todas suas obras a mão, tanto gravuras sobre madeira como peças gigantes de cimento, alumínio ou aço.

A artista disse que além de uma maneira antiga de trabalhar, as gravuras são "uma linguagem muito intimista". Maria ainda destacou que na Europa essas obras estão no meio de praças, mas não nos edifícios.

Algumas mostras do trabalho de Maria Bonomi podem ser vistas no metrô de São

Paulo, no Palácio do Governo desse Estado ou em instituições privadas como a fachada do edifício Jorge Rizkallah, e o Banco Exterior da Espanha em Santiago do Chile, informaram os organizadores da exibição.

Nesta incursão europeia via Paris, a brasileira disse ter a intenção de mostrar de uma forma diferente de "pensar a gravura" no velho continente.

"Tenho muita esperança de ver um público curioso, porque apresento peças bem simples, mas que propõem mudar a condição da arte de gravura", disse.

A artista, disse que não cria obras só para os olhos. "Há exceções, mas a tendência é sempre um exercício plástico, não um exercício emocional, um fenômeno do olho e não da alma".

Maria, que desde os anos 70 exerce a função artista, lembrou da época da ditadura que viveu, sem ser aceita oficialmente pelo mercado da arte de seu país. "Viemos de uma coisa muito negra", disse.

Enquanto muitos artistas fizeram carreira sustentados pela ditadura, ela preferiu trabalhar na antiga Iugoslávia, na Eslovênia e em Praga. No entanto, ela nunca deixou de viver no Brasil. "A ditadura era o momento de ficar, não de sair", comentou.

Entre suas obras, a artista destacou uma primeira colaboração com o arquiteto Óscar Niemeyer, um projeto sobre os maus-tratos da população indígena brasileira pelos portugueses durante a colonização.

A artista, que nasceu na Itália e chegou ao Brasil ainda criança, em 1946, definiu o país como o lugar de "todas as invenções". Maria Bonomi recebeu, em 1967 um prêmio na Bienal de Paris.

Maria Bonomi ganha retrospectiva à altura
O Globo
12 de outubro de 2011
BRASÍLIA - Os olhos da artista plástica ítalo-brasileira Maria Bonomi, 76 anos, brilham à medida em que ela percorre a maior e mais importante exibição de seus 60 anos de carreira como gravurista, escultora, pintora, muralista, cenógrafa, figurinista, curadora e professora. Nos cerca de mil metros quadrados espalhados em quatro salões do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de Brasília, ela vai revisitando, uma a uma, as quase 300 obras da exibição "Maria Bonomi em Brasília - Da gravura à arte pública", inaugurada na semana passada e em cartaz até janeiro. 

Leia mais sobre esse assunto clicando aqui.
O universo de Maria
Correio Braziliense
12 de outubro de 2011
Maria Bonomi fica surpresa quando percorre as três galerias do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) ocupadas com 300 de suas obras. “Eu não poderia fazer essa exposição em uma galeria apenas. Ela tinha que ser feita aqui mesmo. Esse espaço me causou uma comoção”, diz. De fato, Maria Bonomi em Brasília—Da gravura à arte pública é uma exposição gigantesca. Começa nos desenhos da infância e segue até uma obra inacabada, ainda em processo de elaboração. A retrospectiva percorre todos os caminhos traçados pela artista nas últimas sete décadas e é fruto de um trabalho hercúleo empreendido nos últimos quatro anos pela produtora Lena Perez, que vasculhou coleções públicas e privadas para reunir as obras.

A parte mais excitante da fala de Maria aparece na primeira galeria, reservada às obras inéditas. A série de esculturas focadas no universo feminino destrincha várias preocupações que rondam a artista nos últimos tempos. O vídeo Implosão de Paris Rilton e a escultura Paris Rilton falam do consumismo e da banalização da feminilidade. “É a mulher idiotizada pelo consumo, um consumo que também gera solidão.” No interior da escultura—uma forma ovalada moldada em bronze cuja superfície está coberta de linhas em relevo—Maria colocou objetos como peruca, óculos e colares. A interatividade é essencial para a realização do trabalho e o público pode descobrir os cacarecos ao introduzir a mão dentro da escultura.

A mesma sala tem dezenas de gravuras datadas de diversas fases e refletidas em espelhos que permitem visualizar todos os trabalhos ao mesmo tempo. “O espelho tem essa coisa do boudoir feminino, o olho onipresente da mulher. Acredito que a mulher vê mais, sente mais e também sofre mais”, explica Maria, que abriu as portas de casa para o curador Jorge Coli escolher as obras e aceitou quando ele sugeriu incluir as produções da infância. “Não dá para ter um julgamento artístico sobre elas, é mais para cunho didático, para as crianças.” Didática é algo importante para a artista e ela acredita haver espaço para o aprendizado em todas as obras. “Há sempre a presença de um tema que as pessoas podem pesquisar e reconhecer, mesmo nas obras abstratas. Elas vão usar a imaginação a partir de uma informação passada.”

Na sala intitulada Calabouço, Maria adquire um ar mais grave. “Tudo que é guerra entrou aqui”, avisa. Um conjunto de gravuras minuciosamente selecionadas remete à memória individual e coletiva e projeta para um futuro que tem preocupado a artista. Gravuras dedicadas a amigas torturadas durante a ditadura militar, uma experiência digital sobre a Praça Tahir do Cairo, um comentário referente a testes nucleares e a perseguição têm muitas coisas em comum. Nas mãos de Maria, elas viram uma sobreposição de matrizes sem gravação. Não existe talho na madeira ou na chapa quando a artista fala do terror. “Não havia a felicidade da gravação. Eu não tinha nenhuma vontade. Isso é importante para entender o prazer, a alegria da gravura. Aqui não tem nada gravado.”
Encontros com o Estadão
O Estado de S.Paulo
31 de maio de 2010
Direto da Fonte SONIA RACY

"A meninada faz aeróbica artística, não é reflexão" Artista independente, Maria Bonomi avalia tendências e avalia panorama do cenário artístico nacional Talvez as raízes italianas expliquem a energia fugaz de Maria Bonomi. Ou quiçá a "verdade pessoal artística e amorosa" que ela mesma define como a razão da sua saúde. Chamada carinhosamente pelos amigos de "tsunami", passeia por assuntos leves - como ficou amiga de Clarise Lispector, por exemplo - a críticas ao cenário da arte brasileira: "Temos que fomentar a produção de qualidade e não só o comércio". Recém-chegada de viagem, a artista plástica surpreende a coluna em seu ateliê com uma entusiasmada proposta: a ocupação dos espaços de shopping centers com obras artísticas. "Seria oportuno e benéfico que esses espaços tivessem intersecção com a arte. Esse público não deveria ser tratado como vazio", explica. Conhecida como a "dama da gravura", Bonomi demonstra, pouco a pouco, os porquês dos títulos que acumula: querida pelos amigos, artista acessível, mulher independente e militante humanista. "Ligo para os colecionadores e peço para rever minhas obras. Acredito na presença do olho a olho, em amizade de ateliê", conta. A seguir, trechos da entrevista. O Brasil vem crescendo no mercado artístico. Há uma explosão de novos artistas, feiras, galerias. Como a senhora avalia esse movimento? Acredito naquilo que tem substância. Mas não no exercício das palavras difíceis, gente que se baseia em livros da editora Taschen, sabe? Acho que no Brasil há uma defasagem da percepção e um grande perigo de frivolidade da arte. Essa meninada faz aeróbica artística, não reflexão. O que é exatamente essa defasagem da percepção? Faltam propostas culturais. O importante não é incentivar o comércio, mas fomentar uma produção de qualidade. Aqui pouco se discute sobre as novas tendências dos artistas, os diferentes suportes. Só se fala de dinheiro e eu sou contra isso. É possível melhorar a sensibilidade artística do brasileiro? Sim. Acho que o ensino de artes plásticas tem que ser oficializado nas escolas. Deveria ser ensinado desde o primário e atualizado constantemente. Isso propiciaria um olhar de maior qualidade, isto é, um refinamento na percepção artística. A sra. tem uma proposta de arte pública em shoppings? Sim. Sinto algo muito frágil e perigoso em relação a esses "santuários do nada". Os shoppings são construções megalômanas, onde só se fala de produtos comerciais, sem considerar que poderiam ser implantadas obras de arte nestes locais. Por que acredite que poderiam ser espaços para essas obras? Acho que esse público não deveria ser tratado como vazio. A classe endinheirada não enxerga quanto seria oportuno e benéfico que esses espaços tivessem intersecção com a arte. A senhora foi uma das fundadoras da Bienal. Como vê a instituição atualmente? A Bienal deve ter representação dos artistas e dos críticos de arte em um conselho normativo indicado pelas entidades, sindicatos e listas tríplices. A Bienal se divorciou dessa proposta e assim não acredito que ela seja realmente representativa. O seu ateliê é aberto para receber visitantes, colecionadores. Como vê essa relação? Quem gosta de arte tem curiosidade de conhecer o artista, o espaço onde ele trabalha. Sempre senti nos painéis que eu fiz, ao longo desses anos, a presença do olho no olho. Isso, para mim, representa a volta de um certo tipo de humanismo. Eu sei para quem eu vendo e os colecionadores sabem de quem estão comprando. E nas suas obras públicas, também há essa troca? Sem dúvida. Contemporâneo para mim é isso. Tenho um painel na Avenida Paulista dos anos 70 que foi restaurado. Eu e a Prefeitura de comum acordo decidimos pintar uma parte de verde. Mas as pessoas começaram a me ligar denunciando: "Dona Maria, eu moro aqui em frente há quarenta anos e estão pintando seu mural. Isso é um absurdo" (risos). Eu achei incrível essa interação. A arte pública melhora a qualidade de vida dos cidadãos. Você afirmou que o status se dá por meio da arte. Por quê? Tivemos colecionadores que não deixaram empresas ou negócios como legado. E, sim coleções de artista que eles acompanharam. A Fundação Iberê Camargo, por exemplo, começou por causa da amizade que Jorge Gerdau cultivou com o próprio Iberê no ateliê. É difícil se desfazer das obras? Você nunca se desliga de uma obra. São como filhos. Tenho apego a algumas, mas sempre cedo e vendo. Ontem mesmo um colecionador comprou uma obra que eu não queria vender. Não podemos manter tudo. E o que acha do grafite? Acho bárbaro. É uma resposta decorativa à feiúra da cidade, aos tapumes e paredes não pensadas. Sou contra a pichação e a favor do grafite. É uma manifestação de arte pública. Nesse contexto, como fica a Lei Cidade Limpa? Não tem nada a ver. Os políticos não se preocupam com a cultura. A arte deve ser uma proposta política. Afinal, o governo passa e a obra fica. Temos exemplos, como a Estação da Luz, o Museu da Língua Portuguesa e a Osesp. É uma responsabilidade social que obras como essas sejam realizadas.

Marilia Neustein
Estado de São Paulo – Caderno2 – pg. D2
São Paulo, 31 de maio de 2010.
O Aleph de Maria Bonomi
3 de abril de 2010
Artista plástica esteve em Porto Alegre para produzir gravura na Fundação Iberê Camargo - Olha lá. Maria Bonomi aponta para a janela do ateliê de gravura da Fundação Iberê Camargo, na zona sul de Porto Alegre. - Essa imagem é tão linda - diz, ciando o contraste das árvores vistas através da janela com as paredes brancas da sala. O pé direito é enorme, e a janela, inalcançável. É que o ateliê onde repousa a prensa fabricada na Alemanha nos anos 1960 e com a qual Iberê trabalhou é subterrâneo, e a abertura, lá no alto, está no nível na superfície. Quando adentrou na sala para participar do programa Artista Convidado, que há mais de uma década traz artistas de renome nacional e às vezes internacional para trabalhar no equipamento que foi do mestre, Maria Bonomi observou o ambiente e, já "contaminada" pelo fato de estar no Sul, o "sul mítico" de autores como Jorge Luis Borges, lembrou de O Aleph. - Desde que cheguei e durante os cinco dias que aqui trabalhei fiquei com a imagem do conto borgeano na cabeça - explica a artista. - Isso aqui tem uma atmosfera que incentiva a criação artística, a produção de conhecimento. Sinto esse ateliê como se fosse o coração do museu. "Aleph", a letra inicial do alfabeto hebraico, é o lugar, na verdade um porão de um casarão de Buenos Aires, que abarca toda a realidade do universo, conforme a imaginação fantástica de Borges. Também é o nome da gravura em metal que Maria criou no período e cuja imagem lembra a de um livro aberto a oferecer conhecimento ao espectador. A artista apresentou o trabalho no sábado passado, em palestra na Fundação Iberê, antes de se despedir da cidade. A gravura agora integra o acervo da fundação. O projeto, que este ano já havia recebido o argentino Matias Duville, reserva para este mês a visita da paulista Célia Euvaldo (entre os dias 12 e 17) e, para os seguintes, as do também paulista Jorge Menna Barreto e do carioca Marcos Chaves. Maria Bonomi nasceu na Itália, na pequena cidade de Meina, mas vive em São Paulo desde 1946, quando chegou, aos 11 anos de idade, ela e os pais, em meio ao pós-guerra. Aluna e assistente de Lívio Abramo, estudou em Nova York e se especializou na produção de gravuras. Tornou-se uma das principais gravuristas do país. - Muito mais que uma simples técnica, a gravura tem uma linguagem própria - defende. - Muitos artistas não veem isso, e a exploram como se estivessem pintando ou desenhando. Aí apresentam propostas vazias, que não passam de firulas, ruídos. Para se transmitir um conceito por meio da gravura deve-se conceber o trabalho valorizando todo seu processo de confecção. Maria prefere trabalhar com xilogravura (em madeira), pelo fato de esse processo "ser mais orgânico, sem filtros, não depender da ação de produtos químicos como a produção em metal": - Busco, sempre, algo essencialmente emocional, que não seja frio. Mas não nega outras formas de expressão. Uma das vertentes mais conhecidas de sua obra são os grandes painéis para espaços públicos - além de esculturas e de um trabalho de reflexão sobre a arte pública em geral. - De qualquer forma, foi a gravura que me levou a trilhar o caminho que trilhei até hoje - diz Daniel Feix.
O som de uma gravura
abril de 2010
Ignácio de Loyola Brandão percorre a casa-ateliê da artista plástica Maria Bonomi, em São Paulo, e descreve o universo de som e fúria que brota nas paredes.

Como se estivesse em um quadro de Escher, desço mas pareço subir, subo, mas estou no mesmo plano. Desço, mas prefiro ficar neste andar onde está parte do acervo de Maria Bonomi (deveria dizer reserva técnica pessoal?) e precorro desde alguns quadrinhos (pelo tamanho) que ela pintou aos 10 anos, às matrizes de gravuras de metal que ela fez para servirem como degraus na casa que divide com Lena (Maria Helena Peres de Oliveira, companheira e marchande, que a segue com olhar terno e acariciante.). Gravuras como degraus? As coisas gravadas ou pintadas vão muito além de gravuras e quadros, ela diz, enquanto sobe e desce comigo. Maria é um tsunami de criatividade, e para acompanhá-la preciso manter a velocidade do som ou da luz. A matriz destes degraus está exposta em uma caixa de travertino, como o Santíssimo dentro de um ostensório. Súbito, ao reolhar os degraus da escada, Maria exclama: "Gosto de criar para espaços não previstos."
O novo ateliê, distante do Morumbi, é organizado, e agora surgem as mãos e a racionalidade de Lena e sua figura mentirosamente frágil, verdadeiramente sensual. Enquanto andamos sinto arrepios, porque se neste canto estão as obras dos amigos, ali deparo com o Tetraz, a gravura que deu a Maria o prêmio da última Bienal de Florença, enquanto sou conduzido pelo som de gravuras metálicas que, pendendo do teto por toda a parte, batidas pela brisa que penetra pelas janelas dos três andares, produzem sons musicais. Já ouviram o som de uma gravura?
As janelas dos três andares dão para o pequeno quintal e um bambuzal espesso reflete para dentro um verde avassalador, é como se estivesse na floresta de Avatar, mas estou próximo a Avenida Brasil, São Paulo. No entanto, silêncio total.
Desta sala nada se vê senão as folhas dos bambus eretos, mantidos por cintas metálicas. Um crítico (ensaísta, historiador, pesquisador, seja lá o que for), ao visitar Maria, hoje, tem sua cronologia exposta, em todas as paredes, cantos e recantos, escadas, nichos, teto ("quero fazer gravuras para o teto", ela diz), todas as suas fases, criações, invenções, construções, fantasias, renovações técnicas, acréscimos, sua arte à rebours. Santuários? Mais do que isso. Qual é a palavra? Emoção diante de pedras litográficas que já foram matrizes para antigos rótulos de cigarros, remédios, anúncios, e amanhã serão gravuras que poderão estar em Kassel, Veneza, no MOMA, em alguma parte da Inglaterra, ao mesmo tempo que Maria me fala de Alois Senefelder, o inventor da litografia, e revela a origem destas pedras, que ela resgatou pelo interior, de fazendas onde estavam servindo de piso, chão de salas ou cozinhas.
Acompanhe Maria se puder. E se quiser, fazer o que faço agora, agende uma visita com hora marcada. O turbilhão se inventa e se reinventa, "é a libido do fazer, do se cavar", ela diz, enquanto Lena ao computador resgata a figura do Tetraz, ave vaidosa, que se sabe incomparável e se abre inteira para exibir sua magnificência, expondo-se de peito aberto ao caçador, para mostrar como é linda, e essa beleza lhe causa a morte. Ao descer, subo, do contemporâneo para o amanhã e ao subir desço para o passado, para todas as coisas que Maria fez. Ao percorrer o mesmo plano passo pelas mesas de trabalho, pelas incontáveis gavetas, pelas ferramentas de todos os tamanhos possíveis, e neste espaço há argila, madeira, ferro. Esta mesa acompanha Maria desde a primeira gravura.
Um assistente descobre um rosto em argila, retira gaze a gaze molhada, com o cuidado de um cirurgião plástico que vai descobrir pela primeira vez o rosto de uma mulher. A mulher se revela, é Paris Hilton e a escultura se chama Implosão de Paris Rilton. Serão apenas três peças. Nesta nova casa, a Maria Bonomi que se fez, se desfez, e se refez, se fará, e deixa por conta de Lena a cartografia do atelier ou estúdio ou lugar (o que interessa o nome?), sempre a mapear tudo, de gavetas a exposições, mostras, retrospectivas, ilustrações, ou troféus que são obras de arte. Espaço límpido, branco, tomado pelo verde que é o reflexo do bambuzal. Refaço sozinho o caminho, vejo e revejo as matrizes, as cores que se superpõem num trabalho infinito, delicado e sutil e descubro um leve paradoxo. Como o turbilhão inquieto e imponente, alto como o Corcovado, pode se aquietar e se deixar tomar por infinita paciência, quase imobilidade, redescobrindo, esticando ou reinventando o tempo, para compor. Porque cada gravura é sinfonia de traços, cores, sons, harmonia, allegro, ma no troppo, andante, veloz, veloz, vencendo as impossibilidades do agora. O cheio da argila molhada fica em mim.
Maria Bonomi leva sua arte peregrina aos ingleses
Flávia Guerra - O Estado de S. Paulo
05 de maio de 2009

Maria Bonomi ganha hoje sua primeira exposição individual na Inglaterra. A Galeria 32, interessante espaço anexo à Embaixada Brasileira em Londres, leva ao coração do West Side londrino uma significativa mostra da artista brasileira. Apesar de ser um espaço pequeno, se comparada à retrospectiva que ocupou a Pinacoteca do Estado no ano passado, a mostra da 32 faz um recorte preciso dos tópicos mais importantes da carreira da artista, que é referência quando o assunto é esculpir o tempo nos veios da madeira. Estão lá obras que ajudaram a definir o perfil de uma trajetória calcada na investigação da memória como ferramenta de criação de uma arte preocupada em dialogar com o público, sem a necessidade de perder seu caráter particular.

Se não tem o mesmo privilégio do público brasileiro, como a de poder se deliciar com o painel Epopeia Paulista em plena Estação da Luz, o público inglês tem a vantagem de conferir obras como a inédita Transformed. Com dois metros de altura, essa xilogravura foi criada por Maria para a ocasião. "Na verdade, ela faz parte de uma coleção maior de gravuras, a Integration, que há pouco foi adquirida integralmente pela Bolsa de Valores de São Paulo", explica Maria. Confeccionada sobre papel japonês, em tons de azul e cinza, a obra dialoga com as duras linhas geométricas das grandes metrópoles.

Outros destaques são Love Layers (2008), Tetraz (2003) e Tropicália (1994). "A Tropicália está aqui da mesma maneira que estava na Pinacoteca, com as matrizes e como gravura. Há também a Sex Appeal (1985) e Epigrama (1984)", conta ela. "Não tem um caráter de exposição diplomática. As gravuras estão presas com grampinhos, o papel está exposto para ser tocado. Tudo informal. Esta mostra é apoiada na seleção da Pinacoteca em uma escala menor, mas significativa."

Não por acaso, a mostra tem apresentação de Marcelo Mattos Araújo, diretor da Pinacoteca. "O Marcelo foi muito afetuoso e a curadoria, a cargo da Maria Helena Peres Oliveira e do João Guarantani, também me deixou muito feliz. Não é uma seleção ?cabeça?. O destaque está no sensorial. É cheia de libido, de emoção, em vez da razão de uma curadoria tradicional."

Para completar, a faceta ?arte pública? de Maria é revelada em quatro vídeos assinados pelo videoartista Walter Silveira. "Não poderia deixar de abordar essa vertente. Principalmente aqui, onde esse caráter é tão interessante. A Inglaterra tem sabor especial. Foi com um professor inglês, nos anos 70, que eu aprendi muito. Fui selecionada para um curso que abordava justamente a arte revolucionária. Esse professor nos aproximou da experiência das instalações, que na época era algo muito avançado. Foi então que percebi que havia uma vertente acadêmica que queria romper com os academicismos. Esse professor me dizia: Maria, no limits!"

Romper os limites é palavra de ordem quando o assunto é a arte pública de Maria. Muito por isso, descobrir onde se escondem, e se encontram, os artistas urbanos de Londres era uma das tarefas em sua lista de afazeres. Sempre atenta ao tempo e espaço em que navega, durante a conversa com o Estado na semana passada, Maria queria saber onde era o endereço da arte urbana londrina. "Não há muita arte pública nas estações de metrô da cidade?", pergunta ela. Diante da resposta negativa, começou a ter ideias para provocar e dialogar com o cosmopolita morador da cidade. "Esta cidade tem um lado muito duro, mas percebo a vontade de romper com tudo. É nesse sentido que a gente se encontra. E há tanto o que ser explorado aqui. As pessoas poderiam contribuir com as obras, com suas próprias histórias, como fizemos na Luz."

De fato. Não seria nada mal se Londres ganhasse sua Epopeia Londrina. Memórias e camadas de história não faltam.

Coletânea revê ampla trajetória de Bonomi, do traço à arquitetura
Folha de S.Paulo
19/04/2008
Livros - Crítica/"Maria Bonomi: Da Gravura à Arte Pública"

Coletânea revê ampla trajetória de Bonomi, do traço à arquitetura
Volume revisita principais obras de Bonomi, que também fez teatro, TV e crítica

TEIXEIRA COELHO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Minha entrada na arte contemporânea se fez em boa parte pelas grandes gravuras de Maria Bonomi, cheias de cor. Perto delas, Goeldi e Abramo (no entanto seu professor e que ela apreciava: eu não sabia disso então e não teria feito diferença saber) me pareciam arcaicos, ultrapassados. Coisas de radicalismo jovem (mais tarde eu pude apreciá-los, claro). E meu primeiro "texto crítico" foi escrito também com ela em mente, embora talvez não a citasse.
Eram os anos 60 e grassava forte (ou feio) o embate entre a arte "engajada" e a abstrata, acusada de alienada. Eu defendia que o abstrato podia ser tão ou mais atuante que o figurativismo "social".
Revisitar esse cenário neste livro e ali ler a recusa delicada de Rubem Braga à obra da artista, por motivos como esses, e a defesa que dela fez Mário Pedrosa reafirma, em retrospecto, minha opinião e, mais que isso, o caminho da artista.
Um largo caminho. O título do livro poderia ser "Maria Bonomi ou a Vida Imensa". Ela expandiu-se na vida como na gravura. Fez teatro, TV, crítica cultural, arquitetura (fazer murais e fachadas, por vezes, é fazer arquitetura). Sua história está na história da cidade e do país. Neta de Martinelli, com quem viu uma vez o prédio emblemático (algo que não se esquece e que sempre retorna na vida), Bonomi espalha suas marcas pela cidade.
Abrir este livro é recordar o que se vai esquecendo sob montes de informação inútil. Por exemplo, que ela desenhou a já "clássica" fachada do Itautec na Paulista e o saguão do Maksoud, além do "solo-cimento" do Memorial e do grande painel da Estação da Luz.

Leia mais sobre esse assunto clicando aqui.
Arquivo Histórico celebra centenário com selo de Maria Bonomi
Regina Teles, de O Estado de S. Paulo
07 de maio de 2008

Por ocasião do seu centenário, o Arquivo Histórico Municipal Washington Luís (AHMWL), lançou nesta terça-feira, 6, o seu Guia do Arquivo e Selo Comemorativo, criado pela artista plástica Maria Bonomi. O evento foi realizado na Galeria Olido e estavam presentes funcionários de vários órgãos públicos, como Centro Cultural Vergueiro, Museu Paulista/USP e Cedem da Unesp, entre outros.

O acervo da instituição mantém um vasto e importante volume documental da vida pública paulistana, que abrange o período de 1555 a 1921 de textos, fotos, plantas, projetos arquitetônicos e mapas da cidade de São Paulo.

Entre os mais antigos documentos estão os da Câmara Municipal de Santo André da Borda do Campo (1555-1558). Além dos documentos do município, dispõe de fundos particulares, como o de Severo e Villares S/A, Armando Prado, Siqueira Franco, Escritório Caio da Silva Prado. Criado pela Lei n. 1.051 de 17/10/1907, o AHMWL atualmente faz parte da Divisão Técnica do Departamento do Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

Além de recolher, preservar e tratar da documentação, o arquivo municipal desenvolve pesquisas a partir do acervo para sua difusão por meio de publicações, que edita desde 1934 e faz o atendimento na Praça Coronel Fernando Prestes, 152, no bairro do Bom Retiro, no edifício projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo, de segunda a sábado das 9 às 17 horas.

Exposição no Museu Oscar Niemeyer
29 de novembro de 2007
O agora nos impõe infinitas possibilidades.O agora que viaja dentro de nós como um corpo para o aprendizado do existir. Assim acontece "DE VIÉS", exposição para refletir sobre o contínuo processo do fazer e refazer na arte. Maria Bonomi, 2007.
Episodes and Itineraries 2007
10 de janeiro de 2007
Episodes and Itineraris apresenta seis artistas sul-americanos da Argentina, Brazil, Chile, Paraguai e Uruguai em diversos estágios de suas carreiras: mestres internacionalmente reconhecidos (Bonomi,Cardillo), gerações intermediárias (Migliorisi,Candiani) e de nova geração (Mandrile ,Garcia Huidobro). A exposição apresenta um forte corpo de trabalho de linguagem gráfica com seis instalações em parede, piso e vidros da Sherman Gallery. As instalações de artistas sul-americanos de várias gerações questionam as coincidências e antagonismos, diálogos e reflexões entre trabalhos de contextos e texturas diferentes. Apesar das diferenças artísticas (da abstração de Bonomi ao expressionismo intenso de Miglioris), todos os artistas da exposição tem preocupação de re-inventar a linguagem gráfica em resposta às novas necessidades de expressão. É o ponto alto da busca dos artistas por uma mídia capaz de re-posicionar a arte da linguagem gráfica como uma categoria da arte contemporânea Esta exibição pode ser vista como "Episódios" (uma diversidade de trabalho relacionado com identidade, gênero, preservação de ambientes vulneráveis e perspectiva de crítica política) ou, simultaneamente, como "Itinerários", uma rota que pode ser seguida através da galeria na qual o espectador achará uma perspectiva nova: longe de expressionismo ingênuo ou realismo fantástico (que ainda definem o mito do significado do perfil da arte latino-americano). Esta exibição propõe um modo totalmente diferente de olhar a identidade cultural dos artistas, através de fragmentos e contextos entrelaçados, tentando revelar a América do Sul como um territótio de diferenças inter-relacionadas.
* Curadoria de Alicia Candiani
Maria Bonomi inaugura 1.ª parte de painel
O Estadao de S.Paulo
23 de agosto de 2007
A artista Maria Bonomi participa hoje, às 19h30, do evento que marca a pré-inauguração de seu painel Etnias - Do Primeiro e sempre Brasil, projetado por ela para o Memorial da América Latina. Hoje será inaugurada a primeira fase de instalação de sua obra pública, feita de painéis de cerâmica, bronze e alumínio e criada para ser abrigada no corredor que interliga o Memorial ao Terminal Barra Funda. Estima-se que a obra será concluída totalmente até o fim do ano. O projeto Etnias está aprovado pelo MinC e orçado em R$ 1.731.820,00. O Banco Itaú já garantiu R$ 1 milhão, mas o restante do valor ainda precisa de patrocínio.
Maria Bonomi no V Ecocine 2006
24 de novembro de 2006
No Espaço Unibanco de Cinema, dia 23 de novembro, foi realizada a cerimônia de premiação do 5º Ecocine 2006 – Festival Internacional de Cinema Ambiental, em homenagem ao navegador Amyr Klink. Participaram do evento, entre diversas personalidades do mundo artístico, o ator Lima Duarte, o crítico Rubens Ewald Filho e autoridades políticas, como Fábio Feldmann e como o Secretário da Cultura do Município de São Paulo João Batista de Andrade. Desde 1992, quando da ECO 92, realizada no Rio de Janeiro, o festival ECOCINE, o primeiro do gênero no Brasil, tem sido promovido com o objetivo de se criar um fórum de reflexão e debate sobre a interação homem/natureza. Este ano, a mostra privilegiou as produções audiovisuais que abordam os temas Natureza e Cultura, e sua relação com o cotidiano dos povos. Foi pensando nessas questões que Maria Bonomi aceitou o desafio de criar mais esse troféu. Fundido em latão, pesando 1.800g e medindo 14 x 9,5 x 13,5cm, o prêmio apresenta o cavalo-marinho, símbolo do festival, ao lado de formas geometrizadas e de um rolo de filme que percorre sinuosamente toda a obra. Ou seja: arte, cinema e natureza, num mesmo diálogo e interação. Além de assinar a peça, a artista ainda participou da cerimônia de premiação outorgando o troféu de melhor filme.
Governador de São Paulo visita projeto Etnias
10 de setembro de 2006
No dia 11 de maio de 2006, em concorrida cerimônia, foi anunciada à população a entrega do Memorial da América Latina totalmente recuperado. Cláudio Lembo, o presidente do Memorial Fernando Leça e autoridades políticas e acadêmicas saudaram a nova fase do Memorial visitando o projeto Etnias. Maria Bonomi recebeu os convidados no ateliê coletivo instalado na Galeria Marta Traba e falou sobre o projeto. Na ocasião, os índios guaranis das aldeias Krukutu e Tenonde Porã falaram sobre suas tradições e mostraram ao governador o processo de gravação das placas de argila. O governador, emocionado, parabenizou o projeto e disse que iniciativas como essa dignificam não só o Brasil como toda a América Latina.
Oscar Niemeyer em apoio a Bonomi
10 de setembro de 2006
Oscar Niemeyer, arquiteto brasileiro entre os maiores do mundo, manifesta seu apoio ao projeto Etnias: do Primeiro e Sempre Brasil. Niemeyer declara ser imprescindível uma obra com esse tema no espaço do Memorial, ainda mais sendo ela criada pelas mãos de Maria Bonomi. Essa declaração do arquiteto corresponde ao reconhecimento da atividade da artista como defensora da integração continental latino-americana, assinalada em Futura Memória, painel em solo-cimento também erigido no Memorial em 1989. Segue abaixo o texto de Niemeyer, que será gravado para a posteridade em placa fixada no túnel principal de acesso ao Memorial, local da futura instalação do painel de Bonomi. “Considero relevante e indispensável para a preservação da identidade do Memorial da América Latina privilegiar a presença dos povos indígenas, espalhados em todo o continente latino-americano, lembrada por Darcy Ribeiro no programa de fundação desse centro cultural. A extinção maciça e continuada desses povos bem como sua rica e diversificada produção cultural estão sendo registradas agora por Maria Bonomi – uma das artistas pioneiras do Memorial – por meio de painéis interativos e indicadores do processo de formação de nosso continente. Maria Bonomi vem realizando esse trabalho com a mesma intenção com que foi criado o Memorial – a da integração continental. Assim, com a participação coletiva de diversos artistas latino-americanos, criou nos espaços do próprio Memorial um ateliê vivo destinado à instalação de arte pública, o que marcará o acesso principal, restaurando e legitimando as funções que concebi quando o projetei.” Oscar Niemeyer. Rio de Janeiro, 12 de abril, 2006.
Projeto Etnias: do Primeiro e Sempre Brasil
10 de setembro de 2006
Depois do Epopéia Paulista, painel de mais de 70 metros de comprimento erigido na Estação da Luz, Maria Bonomi e sua equipe iniciaram o Etnias: do Primeiro e Sempre Brasil. No túnel principal de acesso ao Memorial da América Latina será instalada uma obra permanente de arte pública que terá como tema os indígenas brasileiros e todo o processo de aculturação e destruição que sofreram ao longo de 500 anos de história. Para esse desafio, Maria Bonomi chamou índios das aldeias Krukutu e Tenonde Porã, localizadas na Área de Proteção Ambiental Capivari-Monos, em São Paulo, para compor sua equipe. Desde o fim do ano passado, venezuelanos, argentinos e brasileiros vêm dedicando-se ao painel. “É uma história verdadeira, que tem de ser contada”, defende Maria Bonomi que, orientada por Cláudia Andujar, fotógrafa que viveu 20 anos com os Yanomami, foi beber nas fontes de Darcy Ribeiro e dos irmãos Villas Boas para compor a parte conceitual. A iconografia vem desde Debret, Rugendas e os demais viajantes europeus que visitaram o Brasil nos séculos XVI, XVII, XVIII e XIX. Como em uma linha do tempo, Bonomi se utilizou de três fases para narrar o percurso do Etnias: o primeiro, “arqueológico”, é feito totalmente em barro e mostra a terra brasilis antes da chegada dos europeus; o segundo, abordando índios e conquistadores, é feito em bronze; e o terceiro, em alumínio, pois esse material, segundo Bonomi, remete aos tempos atuais. É um projeto de fôlego, estima-se que no local de implantação do painel o movimento diário de pessoas pode chegar a 30 mil. Pensando nisso, Maria Bonomi projetou o painel em placas, dispostas paralelamente, formando corredor de 30 metros de comprimento. Nesse espaço, os vazios se transformam em interação, já que o público poderá passar por entre o painel. Apesar de tudo isso, infelizmente, a artista ainda não conseguiu o patrocínio necessário para essa realização. Desde novembro de 2005, as despesas vêm sendo assumidas pelo Atelier Maria Bonomi. Recentemente, o ateliê livre foi desalojado da Galeria Marta Traba, que necessitava do espaço, e reinstalado em outro local. “Esse painel vai sair, nós vamos fazê-lo”, diz a artista que, em 1989, criou a Futura Memória, painel em solo-cimento instalado no Memorial. Aprovado pela Lei Rouanet em setembro de 2005, o projeto Etnias está orçado em R$ 2,5 milhões. A artista propõe aos patrocinadores do projeto retornos que vão desde suas logomarcas permanentemente na galaria onde estará o painel e em todo material de divulgação, até publicações e veiculações em mídias faladas e escritas. Projeto Etnias Criação e curadoria: Maria Bonomi Arte e educação: Regina Barros Pesquisa e consultoria antropológica: Cláudia Andujar e Cildo Oliveira. Fotografia e assistente de criação: Carlos Pedreañez Arquitetura e montagem: Rodrigo Velasco Artista convidado: Leonardo Ceolin Cerâmicas: Antônio de Nóbrega e Adolfo Morales
Concluída obra para o Parque Temático das Esculturas em Curitiba
10 de setembro de 2006
Maria Bonomi, convidada pela Votorantim para compor seleto grupo de artistas que participam do projeto Parque Temático das Esculturas, concebeu Floresta Navegante, obra de arte pública para o Parque José Ermírio de Moraes Filho, em Curitiba. O Parque, com uma área de 68.290 metros quadrados, dispõe de uma exuberante diversidade biológica e conta com variados espécimes da mata nativa. No intuito de se preservar e embelezar o local, foi desenvolvido o projeto temático que previu, inicialmente, dez esculturas de artistas brasileiros, feitas especialmente para o Parque. Floresta Navegante, desenvolvida com a parceria do jovem arquiteto Rodrigo Velasco, responsável pelos assuntos técnicos, foi planejada para dialogar com o local, por isso mesmo, projetada para rodear quatro araucárias sem impedir o crescimento das mesmas. A artista se envolveu a tal ponto com o trabalho que desenhou uma obra mais consistente do que o previsto. Os custos para a produção e instalação da mesma, apesar de extrapolarem o orçamento inicial, seriam totalmente revertidos para o Parque, já que a alteração do projeto inicial viria enriquecê-lo de forma significativa. Vale lembrar que o valor acrescido ao projeto seria apenas referente aos custos da produção e instalação da obra e nada mais em benefício da artista. Infelizmente, apesar dos esforços de Maria Bonomi, não foi possível a realização do projeto original, o que a obrigou a uma série de concessões para que o trabalho não fosse inteiramente perdido. Ainda assim, Floresta Navegante já está instalada e, tão logo o Parque seja inaugurado, o público poderá admirar esta magnífica escultura em concreto armado de mais de 14 metros de comprimento. Segundo Maria Bonomi, a obra é uma “homenagem às florestas, que somente caem quando derrubadas, aos troncos que navegam para reflorestar o mundo”.
Troféu Victor Civita 2006 Educador Nota 10 fundido em bronze.
10 de setembro de 2006
Os ganhadores do Prêmio Victor Civita 2006 Educador Nota 10 têm, este ano, um motivo a mais para comemorar a conquista, pois Maria Bonomi assina o novo troféu. Depois de apresentar à Fundação Victor Civita o molde em gesso da premiação, a mais conceituada em Educação brasileira, a artista iniciou o processo de fundição da obra, já concluído. “Fiz esse trabalho pois, além de artista plástica, sou professora”. Definitivamente, Maria Bonomi sempre esteve ligada à educação; já nos anos 60 ensinava gravura em madeira e metal no Estúdio Gravura, ateliê experimental que fundou junto de Livio Abramo. Ela conta que refletiu bastante antes de chegar ao resultado final da obra: uma escultura sulcada e desenhada reproduzindo ícones da ciência moderna, como os da famosa equação do físico Albert Einstein (E = mc2) e os da cadeia de DNA, junto do Pi e do Alfa, todos eles sobrepostos aos degraus de uma escada. “A escada simboliza o percurso, degrau a degrau, a ser feito por todo cientista, professor e aluno que deseja atingir ao conhecimento, seja em laboratório, seja em sala de aula. O aprendizado nunca se encerra!” Maria Bonomi sempre buscou novos suportes para sua arte, o que lhe valeu o título de transgressora. Mudando radicalmente o conceito da gravura tradicional, desenvolveu diversos trabalhos em concreto, bronze, poliéster e alumínio. Para a artista, arte não tem limites. Foto de: Karine Basilio
Bancos e Triângulos. Maria Bonomi fará obra pública para Parque projetado por Burle Marx.
10 de setembro de 2006
No próximo ano será inaugurado no Parque Ecológico de Maracá, município de Guaíra, mais uma obra de arte pública de Maria Bonomi: Bancos e Triângulos. O projeto prevê uma escultura com mais de 10 metros de comprimento, idealizada especialmente para integrar o Jardim das Esculturas, espécie de museu a céu aberto destinado à Arte Pública. Com uma área de 25 hectares, o Parque foi projetado pelo paisagista Roberto Burle Marx com o propósito de que todos pudessem desfrutar da natureza e da arte. Convidada para desenvolver o projeto do Jardim, Maria Bonomi chamou a Fundação Gilberto Salvador que junto da Prefeitura do Município de Guaíra deram seqüência à implementação do Jardim das Esculturas, definindo as normas de apresentação das obras. Assim, instituíram o Concurso Nacional de Arte Pública Tridimensional, que premiou os cinco melhores projetos enviados. Além dos artistas selecionados, foram convidadas para integrar o grupo Tomie Ohtake e Maria Bonomi. Iniciativas como essa, diz Maria Bonomi, “são importantes para se estimular na comunidade a prática da convivência artística, pois divulga as obras de artistas brasileiros e valoriza nossa cultura”. A proposta de Bonomi para o Jardim é a da interação do local com a obra, a partir de formas que não estão na natureza, mas que rivalizam com ela. Bancos e Triângulos, como ela mesmo diz, “obra inter-ativa” para ser edificada em concreto pigmentado, brinca com o lazer e com o geometrismo.
Maria Bonomi recebe a Ordem do Ipiranga
10 de setembro de 2006
No dia 4 de setembro, o Governo do Estado de São Paulo, na figura de seu governador Cláudio Lembo, concedeu à artista plástica Maria Bonomi a Ordem do Ipiranga. Em cerimônia no Palácio Bandeirantes, sede do governo do Estado, foram condecorados, além da artista, outras oito personalidades, como o ex-vice presidente da República Marco Maciel, o urologista Miguel Srougi, a geneticista Mayana Zazt, o economista Hélio Santos, a atriz Irene Ravache, entre outras. Em seu discurso, Lembo disse ter homenageado àqueles que trabalharam por São Paulo. Segundo ele, há de se homenagear os bons artistas, os bons médicos e os bons professores. Maria Bonomi falou sobre a importância da arte para todos os cidadãos e mostrou que, com parcerias adequadas, é possível construir uma arte que permaneça.